terça-feira, 29 de novembro de 2011

O tempo do Advento

Das Cartas Pastorais de São Carlos Borromeu, bispo

(Acta Eclesiae Mediolanensis, t. 2, Lugduni, 1683,916-917))

(Séc. XVI)

O tempo do Advento

Caros filhos, eis chegado o tempo tão importante e solene

que, conforme diz o Espírito Santo, é o momento favorável, o

dia da salvação (cf. 2Cor 6,2), da paz e da reconciliação. É o

tempo que outrora os patriarcas e profetas tão ardentemente

desejaram com seus anseios e suspiros; o tão ardentemente

desejaram com seus anseios e suspiros; o tempo que o justo

Simeão finalmente pôde ver cheio de alegria, tempo celebrado

sempre com solenidade pela Igreja, e que também deve ser

constantemente vivido com fervor, louvando e agradecendo ao

Pai eterno pela misericórdia que nos revelou nesse mistério.

Em seu imenso amor por nós pecadores, o Pai enviou seu Filho

único a fim de libertar-nos da tirania e do poder do demônio,

convidar-nos para o céu, revelar-nos os mistérios do seu reino

celeste, mostrar-nos a luz da verdade, ensinar-nos a

honestidade dos costumes, comunicar-nos os germes das

virtudes, enriquecer-nos com os tesouros da sua graça e, enfim,

adotar-nos como seus filhos e herdeiros da vida eterna.

Celebrando cada ano este mistério, a Igreja nos exorta a

renovar continuamente a lembrança de tão grande amor de

Deus para conosco. Ensina-nos também que a vinda de Cristo

não foi proveitosa apenas para os seus contemporâneos, mas

que a sua eficácia é comunicada a todos nós se, mediante a fé e

os sacramentos, quisermos receber a graça que ele nos

prometeu, e orientar nossa vida de acordo com os seus

ensinamentos.

A Igreja deseja ainda ardentemente fazer-nos compreender

que o Cristo, assim como veio uma só vez a este mundo,

revestido da nossa carne, também está disposto a vir de novo, a

qualquer momento, para habitar espiritualmente em nossos

corações com a profusão de suas graças, se não opusermos

resistência.

Por isso, a Igreja, como mãe amantíssima e cheia de zelo

pela nossa salvação, nos ensina durante este tempo, com

diversas celebrações, com hinos, cânticos e outras palavras do

Espírito Santo, como receber convenientemente e de coração

agradecido este imenso benefício e a enriquecer-nos com seus

frutos, de modo que nos preparemos para a chegada de Cristo

nosso Senhor com tanta solicitude como se ele estivesse para

vir novamente ao mundo. É com esta diligência e esperança

que os patriarcas do Antigo Testamento nos ensinaram, tanto

em palavras como em exemplos, a preparar a sua vinda.



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